Assim como na Europa, o futebol brasileiro também está cada vez mais atento e disposto a se relacionar com as entidades privadas.
Não estamos falando apenas de patrocínios, comuns desde que o esporte se concretizou internacionalmente, mas em mudanças no modelo de gestão. Pensando nisso, separamos para você 5 clubes brasileiros que viraram empresas recentemente.
As chamadas SAF’s (Sociedades Anônimas de Futebol) não necessariamente são uma novidade no Brasil. Já faz algum bom tempo que clubes brasileiros estão adotando esse modelo de gestão que, diferente do tradicional, envolve um investidor majoritário ou um grupo de investidores – e não um conselho popular.
Acontece que, ao longo das últimas décadas, as experiências da grande maioria dos clubes com esse modelo de gestão não deu muito certo. Muitos chegaram à beira da falência depois de terem se tornado clubes-empresas e precisaram encontrar uma forma de dar a volta por cima.
No entanto, nos últimos anos, esse formato de gestão amadureceu muito mais – provavelmente, a exemplo do que vem acontecendo no futebol europeu. Com isso, já há alguns exemplos de SAF’s bem sucedidas no país, assim como projetos interessantes que prometem melhorar o desempenho de determinados clubes.
Dito isso, conheça 5 clubes brasileiros que viraram empresas recentemente:
Vasco
O Vasco foi um dos clubes de maior tradição do futebol brasileiro que recentemente aderiram à onda das SAF’S. O Gigante da Colina vendeu 70% de seus direitos ao grupo de investimento norte-americano 777, o qual planeja investir valores bilionários na equipe ao longo dos próximos anos.
Quando o Vasco fechou a parceria com os investidores norte-americanos, estava em um momento relativamente delicado de sua história. Na Série B do Campeonato Brasileiro e repleto de dívidas, o clube buscava uma forma de não apenas quitar as suas dívidas como, também, retornar à elite do futebol brasileiro.
O acordo com a 777 previu um investimento de simplesmente R$ 1,9 bilhão até 2026. Com isso, o clube não apenas estaria apto a quitar uma dívida milionária já existente como, também, investir em infraestrutura e, principalmente, reforços para o elenco – o que ainda está um pouco a desejar, para a torcida.
Cruzeiro
Multicampeão, o Cruzeiro vem passando por maus bocados nos últimos anos. O clube caiu para a Série B do Campeonato Brasileiro em 2019 e ficou três temporadas na segunda divisão. O motivo? Uma série de dívidas, fruto de uma gestão terrível que acabou afundando o clube de uma maneira nunca antes vista em Minas Gerais.
Recentemente, no entanto, o Cruzeiro se tornou um clube empresa. Isso porque um dos melhores jogadores da história, que foi formado nas categorias de base da Raposa, decidiu investir na equipe para erguê-la novamente. Estamos falando de Ronaldo Fenômeno que, em 2022, tornou público o movimento.
Ronaldo se comprometeu a investir R$ 400 milhões no Cruzeiro para livrá-los das dívidas que vinham se acumulando e, também, reforçar o elenco. Por fim, deu certo. A Raposa retornou à Série A do Campeonato Brasileiro e vem dando indícios de estar com um plano concreto, cujos resultados são apenas questão de tempo.
Botafogo
Um dos exemplos mais memoráveis atualmente de clubes brasileiros que viraram empresas, adotando o formato SAF, é sem sombra de dúvidas o Botafogo. Em 2022, o Botafogo vendeu 90% de suas ações para o norte-americano John Textor, que já possui um histórico de investimentos em clubes europeus.
O resultado também veio em um momento difícil da equipe carioca que, logo, retornou à Série A do Brasileirão. O investidor norte-americano se comprometeu a investir R$ 400 milhões no Fogão, mas, em entrevista recente, chegou a declarar que já gastou “duas vezes mais do que esperava”.
O Botafogo possui, atualmente, um dos projetos mais interessantes do futebol brasileiro enquanto clube empresa. O time voltou aos prumos depois de uma temporada de 2022 um tanto quanto difícil e vem liderando a Série A do Brasileirão praticamente de “ponta a ponta”, com um futebol efetivo e surpreendente.
Bahia
Até o momento, todos os clubes brasileiros citados que viraram empresas tinham como seus compradores figuras não tão “tradicionais” nesse modelo de gestão internacional. O Bahia, no entanto, rompeu com essas características e foi adquirido pelo mais famoso grupo de investimentos do futebol internacional.
Recentemente, o Bahia foi comprado por nada mais nada menos do que o Grupo City que, entre vários clubes, é dono também do todo poderoso Manchester City – multi campeão da Premier League e recém-vencedor da Liga dos Campeões da Europa. A negociação ocorreu em 2023 e vem sendo vista com bons olhos para o futuro.
Para além do Manchester City, o grupo possui outros clubes ao redor do mundo – a exemplo do Montevideo City Torque, do Uruguai. O CEO do grupo de investimento destaca que deverão ser investidos até R$ 1 bilhão no Bahia nos próximos anos, valores superiores a grande maioria das SAF’s.
Cuiabá
E para finalizar a lista de clubes brasileiros que viraram empresas recentemente, temos uma equipe que teve uma ascensão relativamente meteórica no cenário nacional. Estamos falando do Cuiabá que, ao contrário dos outros times citados anteriormente, já nasceu como um “clube-empresa”.
O Cuiabá é um clube-empresa desde a sua fundação, mas precisou aguardar a regulamentação de 2021 para oficializar o modelo de gestão. Sendo assim, ele não conta com um investimento milionário ou até mesmo bilionário, como vimos em outros clubes adquiridos recentemente.
No entanto, o projeto esportivo do Cuiabá vem se mostrando bastante sólido. Desde que subiu para a Série A do Brasileirão, o time ainda não caiu. Mesmo não tendo conquistado G-4 ou posições mais superiores, vem crescendo no Brasil e promete ser uma grande força do futebol nacional no futuro.